Os riscos de trabalho para profissionais da odontologia

Não é de hoje que sabemos que profissionais da saúde correm diversos riscos no dia a dia. Afinal, esses profissionais podem estar em contato com diversas doenças, inclusive infecciosas e altamente transmissíveis, muitas vezes sem saber.

Além disso, dentistas, assim como auxiliares e técnicos em saúde bucal, enfrentam diversos riscos ocupacionais, como ergonômicos, biológicos e também relacionados à saúde mental como estresse e síndromes como o burnout.

Mas afinal, você sabe quais os principais riscos de trabalho para profissionais da odontologia? 

Se você está em busca da resposta para essa pergunta, chegou ao lugar certo.

Separamos aqui os 8 principais riscos que você, dentista e profissional da odontologia, pode estar sujeito no exercício da sua profissão.

Então, se você quer saber um pouco mais sobre esse assunto, continue lendo esse post  

Por que preciso saber o que são riscos ocupacionais?

Entender o que são os riscos ocupacionais para profissionais da odontologia é essencial para qualquer dentista ou gestor de clínica. Afinal, estes são os responsáveis por garantir o bem estar dos pacientes e dos funcionários como um todo.

Saber quais são os riscos de trabalho para profissionais da odontologia é parte fundamental da prevenção. Oferecer boas condições de trabalho na clínica odontológica, seguindo todas as normas previstas por lei é primordial para que o seu negócio seja visto com seriedade e credibilidade, especialmente por outros profissionais.

Além disso, conhecer os riscos ocupacionais e preveni-los é uma das melhores formas de se resguardar legalmente. Falaremos mais sobre isso adiante.

Quais são os riscos ocupacionais?

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Os riscos ocupacionais nada mais são do que potenciais ameaças à vida ou saúde dos profissionais de uma empresa ou negócio. Ou seja, riscos que podem estar presentes na atividade profissional, decorrentes de atividades, elementos ou das condições de trabalho.

Para exemplificar melhor, vamos ao “Manual de Serviços Odontológicos: Prevenção e Controle de Riscos” da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esse documento classifica os riscos ocupacionais da seguinte forma:

“[…] possibilidade de perda ou dano e a probabilidade de que tal perda ou dano ocorra. Implica, pois, a probabilidade de ocorrência de um evento adverso. Os riscos mais frequentes a que estão sujeitos os profissionais que atuam em assistência odontológica são os físicos, os químicos, os ergonômicos, os mecânicos ou de acidente, os advindos da falta de conforto e higiene e os biológicos.”

A seguir, veremos  cada um dos riscos de trabalho para profissionais da odontologia listados na descrição feita pela Anvisa nos tópicos abaixo.

Risco físico

Segundo o manual, o risco físico surge da exposição dos profissionais a agentes físicos, tais como ruído, vibração, radiação ionizante e não-ionizante, temperaturas extremas, iluminação deficiente ou excessiva, umidade e outros.

São causadores desses riscos na odontologia: caneta de alta rotação, compressor de ar, equipamento de Raio-X, equipamento de laser, fotopolimerizador, autoclave, condicionador de ar, etc.

No documento, a Anvisa indica algumas ações para diminuir os riscos físicos citados. São eles:

  • a) Utilizar protetores auriculares durante os procedimentos. 
  • b) Usar óculos de proteção nos procedimentos que utilizam luz halógena e laser. 
  • c) Utilizar equipamentos de proteção radiológica no caso do raio-x. O cuidado também se estende aos pacientes. 
  • d) Deixar o local de trabalho bem iluminado. 
  • e) Usar caixa acústica no compressor de ar para evitar ruídos muito altos. 
  • f) Ser cauteloso ao utilizar instrumentais com alta temperatura. 
  • g) Deixar a clínica arejada, prezando pelo bem-estar de todos.

Risco químico

O risco químico, como o próprio nome já diz, é causado pela manipulação de componentes químicos que podem trazer danos ao ser humano se não manuseados de forma correta

O manual da Anvisa define esse risco como a “exposição dos profissionais a agentes químicos (poeiras, névoas, vapores, gases, mercúrio, produtos químicos em geral e outros).”

Na odontologia é comum o manuseio de componentes químicos para tratamentos e procedimentos específicos, como restaurações.

Os principais causadores desse tipo de risco são na odontologia são: amalgamadores, desinfetantes químicos (álcool, glutaraldeído, hipoclorito de sódio, ácido peracético, clorexidina, entre outros) e os gases medicinais (óxido nitroso e outros). 

As ações mais recomendadas pela Agência para evitar esse risco são:

  • a) Limpar o ambiente para evitar poeira (de preferência com panos molhados)
  • b) Utilizar Equipamentos de Proteção Individual 
  • c) Usar EPI completo nos atendimentos ao paciente e ter disponível óculos de proteção ao mesmo para evitar acidentes com produtos químicos. 
  • d) Utilizar somente amalgamador de cápsulas. 
  • e) Acondicionar os resíduos de amálgama em recipientes inquebráveis, de paredes rígidas, contendo água suficiente para cobri-los, e encaminhá-los para coleta especial de resíduos contaminados. 
  • f) Armazenar os produtos químicos de maneira correta e segura, conforme instruções do fabricante, para evitar acidentes. 
  • g) Fazer manutenção preventiva das válvulas dos recipientes contendo gases medicinais.

Risco ergonômico

em relação ao risco ergonômico, a Anvisa explica em seu manual que estes são causados por “postura incorreta, ausência do profissional auxiliar e/ou técnico, falta de capacitação do pessoal auxiliar, atenção e responsabilidade constantes, ausência de planejamento, ritmo excessivo, atos repetitivos, entre outros”.

Entre as ações para minimizar o risco ergonômico estão:

  • a) Organizar o ambiente de trabalho. 
  • b) Planejamento do atendimento diário. 
  • c) Trabalho em equipe. 
  • d) Capacitar a equipe da clínica ou consultório frequentemente.
  • e) Incluir atividades físicas diárias na rotina dos colaboradores da clínica (incentivar). 
  • f) Realizar exercícios de alongamento entre os atendimentos, com a orientação de profissional da área. 
  • g) Valorizar momentos de lazer com a equipe

Perceba que a organização do ambiente de trabalho, bem como planejamento de atividades é essencial para que o risco seja minimizado, proporcionando maior conforto para o dentista e sua equipe.


Leia mais em: Organização e gestão de tempo em clínicas odontológicas

Risco mecânico ou de acidente

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Segundo o manual, esse tipo de risco acontece principalmente devido à exposição da equipe odontológica a agentes mecânicos ou que favorece acidentes. 

Entre os motivos mais frequentes de acidentes estão: espaço físico subdimensionado; arranjo físico inadequado; instrumental com defeito ou impróprio para o procedimento; perigo de incêndio ou explosão; edificação com defeitos; improvisações na instalação da rede hidráulica e elétrica; ausência de EPI e outros.

Ainda segundo a Anvisa, as formas de evitar esses riscos são:

  • a) Adquirir equipamentos com registro no Ministério da Saúde, preferencialmente modernos, com desenhos respeitando a ergonomia. 
  • b) Instalar os equipamentos em área física adequada, de acordo com a RDC 50/2002 da Anvisa. 
  • c) Utilizar somente materiais, medicamentos e produtos registrados na Anvisa. 
  • d) Manter instrumentais em número suficiente e com qualidade para o atendimento aos pacientes. 
  • e) Instalar extintores de incêndio obedecendo ao preconizado pela NR-23 e capacitar a equipe para sua utilização. 
  • f) Realizar manutenção preventiva e corretiva da estrutura física, incluindo instalações hidráulicas e elétricas. 
  • g) Em clínicas odontológicas com aporte maior de funcionários, implantar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, de acordo com a NR-9. 

Risco pela falta de conforto ou higiene

Esse risco ocorre, segundo o manual da Anvisa, por ausência de conforto no ambiente de trabalho e riscos sanitários. Entre esses riscos estão:

  • banheiros e sanitários em número insuficiente e sem separação por sexo; 
  • falta de produtos de higiene pessoal, 
  • ausência de água potável para consumo; 
  • não fornecimento de uniformes; 
  • ausência de ambientes arejados para lazer e confortáveis para descanso;
  • entre outros.

De acordo com o órgão, para reduzir esse risco, o ideal é proporcionar à equipe condições de higiene, de conforto e de salubridade no ambiente de trabalho, de acordo com a Norma Reguladora 24.

Essa norma pode ser conferida na íntegra clicando aqui.

Risco biológico

O último risco ocupacional para profissionais da odontologia apontado pela Anvisa é o biológico. Este nada mais é que a probabilidade da ocorrência de um evento adverso em virtude da presença de um agente biológico. 

As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados são um risco sério aos profissionais da área da saúde nas clínicas, consultórios e demais ambientes.

O risco biológico ainda pode ser dividido em risco por transmissão por vias aéreas, por sangue e outros fluidos orgânicos, e pelo contato direto e indireto com o paciente. Para saber como diminuir o risco de cada um desse tipo de contato, consulte o manual clicando aqui.

Mas além desses cinco riscos ocupacionais, podemos falar de mais dois riscos de trabalho para profissionais da odontologia que podem surgir no dia a dia: risco de problemas com saúde mental e riscos legais. Vamos a eles.

Risco de saúde mental

Estresse e esgotamento físico e emocional podem ser sinais de que a sua saúde mental está comprometida. E profissionais da saúde, como dentistas, podem sofrer com esse tipo de sintoma, que pode revelar até mesmo uma doença, como a síndrome de burnout.

Essa síndrome é um distúrbio emocional unicamente relacionado ao contexto profissional. 

Segundo uma pesquisa realizada pelo International Stress Management (Isma-BR), o Brasil é o segundo país com maior índice de estresse, e 30% dos brasileiros sofrem com a síndrome de burnout.

O burnout deve ser tratado com auxílio de psicólogo, por meio da psicoterapia, e em alguns casos com remédios para ansiedade e depressão.

É recomendado ao paciente mudança de hábitos e estilo de vida, bem como mudanças nas condições de trabalho. 

Segundo o Ministério da Saúde, as melhores formas de prevenir a síndrome são: 

  • Definir pequenos objetivos na vida profissional e pessoal.
  • Participar de atividades de lazer com amigos e familiares.
  • Fazer atividades que “fujam” à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema.
  • Evitar o contato com pessoas “negativas”, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros.
  • Conversar com alguém de confiança sobre o que se está sentindo.
  • Fazer atividades físicas regulares. Pode ser academia, caminhada, corrida, bicicleta, remo, natação etc.
  • Evitar consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão mental.
  • Não se automedicar nem tomar remédios sem prescrição médica.

Leia mais no site do Ministério clicando aqui.

Riscos legais

Além de todos os outros riscos de trabalho para profissionais da odontologia que já comentamos aqui, há também o risco legal. Ou seja, o perigo de processos por parte de pacientes que se sintam lesados ou insatisfeitos com o resultado do tratamento.

Quando falamos em processo, há diversos fatores que podem resultar numa batalha judicial. Desde uma comunicação não realizada da forma correta pelo dentista ao paciente, até mesmo um erro ou imprevisto durante o tratamento ou uma cirurgia.

Hoje em dia, os pacientes, além de irem mais vezes ao ano ao dentista, estão cada vez mais atentos aos seus direitos.

E é por isso que é fundamental saber os riscos e fazer possível para se prevenir. No entanto, imprevistos podem acontecer, e claro, dentistas também estão sujeitos a erros.

Se você quer saber mais sobre como se proteger juridicamente na sua clínica ou consultório odontológico, acesse o nosso eBook “Checklist da segurança jurídica para clínicas odontológicas”. É só clicar aqui embaixo:

Por fim,

Chegamos ao fim de mais um conteúdo aqui no Blog Dental Office. Esperamos que esse post tenha te ajudado a entender um pouco mais sobre os riscos ocupacionais para profissionais da odontologia.

Se você gostou desse conteúdo, não deixe de compartilhar com os colegas e amigos de profissão, e claro, com a sua equipe.

Te esperamos no nosso próximo conteúdo.

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Veja também:

    1. Olá, Dra. Cláudia! Tudo bem?

      Ficamos muito felizes com o seu comentário! Continue acompanhando o nosso blog 😉

  • Boa noite!!! Infelizmente, não estou conseguindo baixar o eBook “Checklist da segurança jurídica para clínicas odontológicas”, conforme informado!!!

  • Amo minha profissão, porém estou esgotada, só de chegar perto da clínica me da vontade sair correndo. Não sei pra onde, paciente entra eu não vejo a hora de terminar procedimento e ou melhor conto cada um.Quero que passe o dia. Todo barulho me incomoda. Muitos anos assim…..

    1. Olá, Roberta! Tudo bem?

      Sentimos muito pelo que tem passado na sua profissão. Esse esgotamento pode acontecer com profissionais de todas as áreas, e é importante ter acompanhamento médico para que essa situação não se agrave para uma síndrome de burnout ou outro distúrbio emocional.

      Você pode ler mais sobre o burnout nesse link: https://www.dentaloffice.com.br/sindrome-burnout-em-dentistas/.

      Reforçamos que o acompanhamento médico é super importante, até mesmo para identificar possíveis soluções para esse sentimento.

  • Olá
    Sou dentista e esse ano retiraam a anotação do meu exame medico de risco ocupacionais e agora está sem risco ocupacionais

    1. Olá, Lívia! Tudo bem?

      Que bom que o nosso conteúdo te ajudou de alguma forma!

      Agradecemos o seu comentário. Continue acompanhando o nosso blog 😉

    1. Olá, Valdinea. Tudo bem?

      Ficamos felizes que tenha gostado do conteúdo. Continue acompanhando nosso blog!

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