Estresse, esgotamento físico e ansiedade são alguns dos sinais deste tipo de distúrbio que atinge 69% da população brasileira
Quando algo não está correto com nossa saúde, nosso corpo tende a dar indícios para nos alertar.
Porém, é comum que, por conta da correria e da rotina, alguns sinais como o apertamento dentário, irritabilidade, esgotamento físico e ansiedade sejam completamente ignorados. O que não é nada saudável!
De acordo com uma pesquisa realizada pelo International Stress Management (Isma-BR), organização de caráter internacional, sem fins lucrativos, voltada à pesquisa e o tratamento de estresse no mundo, no ano de 2018, o Brasil foi classificado como o segundo país com maior índice de estresse, atrás apenas do Japão.
A pesquisa indica que 69% dos brasileiros que sofrem com o estresse, o atribuem ao âmbito profissional, destacando como suas principais razões as longas jornadas de trabalho e a sobrecarga de tarefas.
Com certeza não é difícil encontrar pessoas que sofrem com o estresse relacionado ao dia a dia no trabalho.
Dentre os brasileiros que vivenciam essa realidade, ainda segundo a pesquisa do Isma-BR, 30% sofre de uma síndrome pouco discutida, mas cada vez mais comum: a Síndrome de Burnout.
O que é a Síndrome de Burnout?
Incapacidade de se desligar do trabalho, ansiedade constante, obsessão em demonstrar o seu valor profissional, frustração profunda por conta de pequenos erros e ações corriqueiras do dia a dia. Isto lhe soa familiar?
A síndrome de Burnout, ou a síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio emocional diretamente, e unicamente, relacionado ao contexto profissional.
Desse modo, é resultado dos desgastes gerados por situações de sobrecarga de trabalho e responsabilidades, causando uma profunda exaustão física e mental.
Burnout foi classificada recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma síndrome crônica e inserida na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11) – uma lista de doenças e estatísticas de saúde que serão preponderantes nos próximos anos, que deve entrar em vigor em 2022.
Além de relacionada à sobrecarga profissional, a síndrome também se desenvolve quando o profissional se vê diante de metas das quais acredita possuir grande dificuldade e, por algum motivo, se vêem incapazes de alcançá-las.
Ela pode gerar, ainda, distanciamento mental do próprio trabalho, redução da eficácia e produtividade, sentimento de negativismo quanto ao ambiente de trabalho e profissão, além de profunda depressão.
Nem sempre os sinais da síndrome são intensos, mas, se você se identificou com essas situações, é hora de saber mais sobre a síndrome de Burnout. Assim, é importante se conscientizar e, até mesmo, buscar ajuda profissional.
Profissionais da saúde com Síndrome de Burnout
Burnet se manifesta mais comumente em profissionais que possuem rotinas exaustivas e realizam intenso envolvimento interpessoal direto.
Isso quer dizer profissionais da área da saúde em geral, e especialmente os profissionais da odontologia, estão mais propensos ao desenvolvimento desse transtorno.
A ocorrência da síndrome de Burnout tem sido especialmente mais frequente nos dentistas, tendo aumentado significativamente o número de casos nos últimos 20 anos.
Esses profissionais frequentemente vivenciam longos períodos de estresse e grande carga horária de trabalho pela alta demanda de atendimentos diários.
Isto é, esses profissionais aumentam sua jornada como forma de aumentar o rendimento financeiro, possuem forte propensão ao isolamento, acúmulo de funções e carregam, muitas vezes sozinhos, a responsabilidade de gerenciar seu próprio consultório e de se responsabilizar por tratamentos odontológicos de diversos níveis de complexidade.
Independentemente da especialidade odontológica, do ortodontista que dedica sua horas à colocação do aparelho dentário, ao endodontista que se preocupa em realizar um bom tratamento de canal, todos estão sujeitos a sofrer com a síndrome de Burnout.
Manifestações da Síndrome
A manifestação da síndrome se dá tanto no âmbito profissional como no pessoal. Desse modo, no profissional, o dentista sofre perda de empatia, tanto pelo paciente como pelo ofício.
Além disso, é comum observar a queda de produtividade e até mesmo a falta de ânimo para cumprir com suas responsabilidades e tarefas.
Por outro lado, no âmbito pessoal, o dentista fica menos disposto a sair de casa, possui episódios de tristeza e irritabilidade, além de dificuldades para manter noites de sonos regulares e profundo cansaço físico e mental.
Certamente ser afetado pelo estresse não é agradável para ninguém, especialmente quando este está relacionado ao seu ofício e atinge também sua vida pessoal. No entanto, Burnout vai além do simples estresse.
Trata-se de uma escala ainda maior desse estado físico e mental, é algo crônico. Burnout, além de ser por si só uma condição extremamente desgastante, pode levar a maiores complicações, como à depressão profunda.
Assim, o dentista, ou qualquer profissional que sofra com o distúrbio, não deve ignorar seus sintomas, mas sim buscar ajuda profissional ao notar os primeiros sinais da doença.
Sintomas de Burnout
Para estar atentos aos sintomas da síndrome de Burnout, é necessário, portanto, conhecê-los. Veja a seguir quais os principais sintomas observados nos quadros desse distúrbios.
Os sinais emocionais da síndrome incluem:
- Agressividade;
- Baixa concentração;
- Isolamento;
- Irritabilidade;
- Ansiedade;
- Depressão;
- Sentimento de fracasso, derrota e desesperança;
- Lapsos de memória;
- Insegurança;
- Nervosismo;
- Intolerância;
- Baixa autoestima;
- Mudanças repentinas de humor;
- Pessimismo;
Já os sintomas físicas do distúrbio incluem:
- Dores de cabeça;
- Enxaqueca;
- Palpitação;
- Sudorese;
- Insônia;
- Ataques de pânico;
- Alterações no apetite;
- Distúrbios gastrointestinais;
- Tensões musculares;
- Tremores;
- Extremo cansaço físico e mental;
- Pressão alta;
- Fadiga;
Lidando com a Síndrome de Burnout
Depois de conhecer os riscos e sintomas desse distúrbio, que tem se tornado cada vez mais comum dentre a população brasileira, é necessário saber como lidar com ele.
É preciso ressaltar que apenas um profissional especializado, como um psicólogo ou psiquiatra, pode diagnosticar a síndrome e indicar a melhor forma de tratamento para cada caso específico.
Em algumas situações, pode ser indicado o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos.
Exercícios e atividades de lazer também são considerados como uma boa válvula de escape para aliviar a tensão.
Por fim, é sempre importante saber identificar aquilo que gera desconforto e estresse no ambiente do trabalho.
É preciso estar atento às situações, procurando formas de aliviar aquilo que promove a tensão, tendo como prioridade a própria saúde física e mental.
O profissional deve se perguntar qual impacto sua rotina de trabalho provoca em sua vida pessoal e se esse tipo de impacto tem sido saudável para si.
Seguindo, assim, todas essas orientações, fica mais simples lidar com a Síndrome de Burnout.
Produzido por Simpatio
Dr. Ramiro Murad
Graduado em Odontologia pela UNIC. Residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial no Sindicato dos Odontologistas de São Paulo (SOESP – SP). Com habilitação em Harmonização Orofacial e integrante da equipe Bucomaxilofacial na Clínica da Villa, em São Paulo. Dentista parceiro da Simpatio. CRO – 118151