Intercorrência na harmonização orofacial: guia rápido

A harmonização orofacial é uma especialidade relativamente nova da odontologia. Mas, como qualquer outra área, é fundamental que dentistas que desejam se destacar entendam muito bem sobre esse procedimento.

Como você sabe, existem situações em que algo pode sair do previsto, e o dentista precisa recorrer a um novo protocolo, a fim de minimizar os danos. Esses casos são denominados como “intercorrências” ou “complicações”.

Mas, é importante que você saiba que esses termos não são sinônimos. Neste texto, vamos te explicar com exatidão o que são as intercorrências, para garantir que você tire todas as suas dúvidas e preste os melhores serviços possíveis.

O que é uma intercorrência na harmonização orofacial?

A harmonização orofacial pode incluir a execução de diversos procedimentos, como por exemplo a aplicação de toxina botulínica e ácido hialurônico, a bichectomia e outras técnicas. Entretanto, mesmo sendo procedimentos muitas vezes minimamente invasivos, podem surgir intercorrências.

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As intercorrências podem acontecer durante qualquer procedimento. Para você entender melhor, vamos começar do básico:

De acordo com o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, intercorrência é algo que ocorre no percurso. Ou seja, faz parte do processo. 

Para os dentistas, as intercorrências são totalmente previsíveis, porque é praticamente impossível que um procedimento gere fenômeno nenhum, seja em maior ou menor intensidade.

Quando falamos de fenômenos, estamos nos referindo a qualquer tipo de hematoma, equimose, edema e outras situações características de um procedimento que, de certa forma, causa uma mudança no paciente.

Sendo assim, todo e qualquer procedimento, desde o mais simples até o de maior complexidade, de certa forma, vai contar com intercorrências. Desde um tratamento de canal, até uma bichectomia. 

Mesmo sendo algo “normal”, é importante que o dentista esteja preparado para lidar com isso, informar os pacientes e reduzir danos da melhor forma possível, para garantir uma atuação sem “sustos”.

Mas, afinal, na prática, qual a diferença entre as intercorrências e complicações? Entenda melhor: 

Qual a diferença entre intercorrência e complicação na HOF?

A palavra “complicação” indica o agravamento observado durante a evolução de um problema de saúde. Quando um paciente tem uma piora no quadro clínico ou desenvolve sintomas que indicam o surgimento de alguma doença, por conta do procedimento de HOF realizado, essa é, certamente, uma complicação. 

Vamos a um exemplo: no caso da HOF, quando um material é utilizado e, por conta disso, um paciente desenvolve herpes labial, por exemplo, essa situação é considerada uma complicação, uma vez que fugiu do esperado. 

Já um hematoma pós-operatório de bichectomia, por exemplo, é algo previsto, comum após o procedimento.

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É fundamental que tanto o dentista quanto o paciente esteja consciente das intercorrências e complicações que possam surgir durante o procedimento. Isso faz com que ambas as partes estejam preparadas  para lidar com possíveis problemas.

Vale lembrar ainda que as interferências e complicações dependem muito do sistema imunológico e seu quadro clínico de saúde do paciente, por isso, é importante realizar a anamnese odontológica da melhor forma possível para evitar essas situações de agravamento.

Quer entender melhor? Confira quais as principais complicações e intercorrências que podem ocorrer na harmonização orofacial:

Quais as principais intercorrências ou complicações que podem acontecer na HOF?

Sabendo da definição correta de cada uma, vamos entender melhor as diferentes ocorrências:

Intercorrências na harmonização orofacial

Uma das intercorrências mais comuns na harmonização orofacial é a reação inflamatória aguda, que ocorre após o início do procedimento e pode durar até 72 horas. 

boca inchada

Alguns sinais de inflamação podem ser notados nesse período: 

  • Dor
  • Calor
  • Edema (inchaço)
  • Rubor (vermelhidão)

Para acalmar seu paciente, é preciso orientar e remanejar as expectativas do paciente, procurando explicar que algumas intercorrências podem aparecer, mas vão ser normalizadas com o tempo. 

Sendo assim, é um momento necessário para que o paciente compreenda que os resultados não vão mudar, mesmo com os efeitos desagradáveis citados acima. 

Outros tipos de intercorrências incluem:

  • Ptose Palpebral: é a síndrome de queda da pálpebra, em que pode haver declínio de 1 até 2 mm após a aplicação da toxina botulínica no músculo elevador da pálpebra superior. 

    Nesses casos, deve-se orientar o paciente a não realizar vibrações no local aplicado e não deitar a cabeça nas próximas 4 horas depois da aplicação

    Além disso,  é recomendado o tratamento com radiofrequência ou colírio para estimular os músculos da musculatura que foi relaxada. 
  • Hematoma: é o traumatismo com ruptura dos vasos sanguíneos influenciada pelo calibre da agulha e pela técnica anestésica utilizada. 

    Para evitar esse tipo de problema, avalie a rede de vasos superficiais antes de realizar a aplicação e usar cânulas de ponta romba para fazer o preenchimento.

    Além disso, recomenda-se o uso de gelo no primeiro dia, além da pomada anti-inflamatória e medicamento anti-inflamatório via oral.  
  • Reação de hipersensibilidade: é uma resposta imune do organismo que pode variar de leve vermelhidão até anafilaxia.

    Nesses casos, recomenda-se a prescrição de medicamentos antialérgicos, anti-inflamatórios, corticóides e pomadas tópicas.
  • Lesões vasculares: é a injeção inadvertida do preenchedor nos vasos. Ela pode ocorrer em casos onde existe grande infiltração de volume de material e onde o tecido está com ausência de elasticidade habitual (cicatrizes). 

    Para evitar esse tipo de intercorrência, procure saber se o paciente já realizou outros procedimentos anteriormente, utilize cânulas para injeção profunda e injete lentamente executando o movimento de retroinjeção. 

    Além disso, em casos dessa intercorrência, recomenda-se prescrever medicamentos via oral (anti-inflamatório, antibiótico e AAS), injeção de hialuronidase e levar em consideração desbridamento químico e cirúrgico. 
  • Infecção: ocorre quando agentes infecciosos (bactérias, fungos, etc) entram no organismo. Dessa forma, pode ocorrer o endurecimento da região, dor, calafrios, febre, pus e eritema. 

    Para evitar esse tipo de situação, basta seguir as normas de biossegurança, principalmente em relação aos procedimentos.  

Complicações na harmonização orofacial

Por outro lado, as complicações na HOF são um sinal de alerta para o dentista, pois indicam que o procedimento realizado apresentou uma evolução desfavorável, o que pode gerar algum risco para o paciente. 

Cabe ao cirurgião-dentista saber diferenciar complicações e intercorrências na HOF para tratá-las de maneira correta.

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As complicações são mais ligadas com os preenchedores faciais de ácido hialurônico, sendo classificada de acordo com o tempo de surgimento nos pacientes:

Complicações de início imediato (aguda)

 Surgem até 24h após o procedimento, sendo as principais:

  • Dor grave
  • Alterações visuais e neurológicas
  • Prurido
  • Eritema
  • Equimose
  • Cianose
  • Branqueamento 
  • Hematoma

Complicações de início precoce (subaguda)

 Surgem de 24h até 30 dias após o procedimento, sendo as principais:

  • Nódulos
  • Cicatriz
  • Linfadenopatia 
  • Eritema
  • Cianose
  • Efeito Tyndall
  • Febre
  • Hematoma
  • Entre outras

Complicações de início tardio

Surgem de após 30 dias do procedimento, existindo relatos de pacientes que apresentaram complicações de 2 até 3 anos após os procedimentos sendo as principais:

  • Nódulo
  • Eritema
  • Hipercromia
  • Cicatriz
  • Edema grave
  • Entre outras

Existem inúmeros tratamentos para cada complicação. Em alguns casos, existe a opção de ações mais conservadoras, como massagear o local, usar compressas aliadas ao uso de medicamentos, ou a degradação do ácido hialurônico com aplicação da enzima hialuronidase, que despolimeriza o crescimento do ácido na região aplicada.  

Leia mais: Como a harmonização orofacial ajuda a conquistar e fidelizar mais pacientes? 

O que um dentista pode fazer para prevenir as intercorrências e garantir a segurança do paciente? 

olho

Apesar de serem efeitos normais e já esperados pelos profissionais, as intercorrências podem sim serem prevenidas com alguns cuidados, como:

  • Usar de cânulas ou agulhas de maior calibre para diminuir o trauma tecidual e a taxa de complicação;
  • Utilizar agente antisséptico na prevenção de contaminação bacteriana na antissepsia da pele antes do procedimento;
  • Escolher gel com duração específica e conhecida pelo cirurgião-dentista. Produtos com duração maior resultam em intercorrências maiores;
  • Conhecer a anatomia do rosto e o plano de aplicação;
  • Evitar zonas de risco tais como região de glabela, sulco nasolabial e dorso nasal. Nesses locais podem ocorrer complicações graves, como falta de ar e prejuízo à visão;
  • Ter sempre disponível a enzima hialuronidase , que pode ser aplicada em complicações agudas, subagudas e de início tardio. 

Leia mais: Como utilizar o software para harmonização orofacial no planejamento facial do seu paciente?

Além disso, outros fatores também podem aumentar o risco de intercorrências e complicações, sendo eles:

  • Falha no diagnóstico do paciente
  • Falta de domínio dos medicamentos e material cirúrgico
  • Falha na higiene da região trabalhada
  • Escolha errada da densidade do produto a ser aplicado
  • Aplicação errada da agulha
  • Paciente não seguir orientações do profissional
  • Profissional não sabe identificar as intercorrências

Bom, se você quer saber mais sobre o assunto e ter sucesso total na área, acesse nosso guia completo de harmonização orofacial gratuito e aproveite:

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